sábado, 10 de outubro de 2009

Ser diferente

Tempos atrás, achava que devíamos nos identificar com uma coisa e se envolver com aquilo. Por exemplo, se gosto de punk, deverei conhecer a história, as características do estilo e as pessoas que curtem o som. Por meio disto, ficaria mais fácil de ser aceito e de estabelecer uma imagem - seja ela boa ou ruim - com tanto que fosse diferente. Essa é a palavra: ser diferente. Fazer o que todo mundo faz, não tinha graça. Até porque o convencional não desperta admiração. Então achava melhor fazer as coisas de outra forma. Por um lado era ruim, porque alguns te viam do avesso; por outro lado, era o máximo, pois te viam como peça rara.
Entretanto, a gana por querer se diferenciar nos leva ao distanciamento do meio. É o mesmo que criar uma sala vip longe da sociedade em que estamos inserido. Do lado de dentro da sala, vemos e fazemos uma análise um tanto superficial. Tão superficial que, lá no fundo, nada vale a pena. Mesmo assim, o 'ser diferente' reluta, querendo se destacar.
Por causa desse nosso ser, deixamos de conhecer o mundo a fora. Mundo que jamais poderíamos conhecer dentro da sala vip. Pensando nisso, cheguei a conclusão de que passamos muito tempo trancafiado num vazio que é a sala, onde não se dá chance ao exterior. Devemos sair da sala por uns instantes. Mas há problema: o que vão falar da saída?
Pra quem permaneceu muito tempo com um estilo, é muito difícil fazer algo diferente. Apesar disso, devemos ter a consciência de dar o primeiro passo. A qualquer hora podemos morrer. Caso isso ocorra, o que irão dizer de nós?
Quase nada, a final de contas não fizemos quase nada mesmo.
Sair da sala vip e conhecer o mundo a fora é a melhor forma de, não só conhecer o diferente, mas de aceitá-lo. Em alguns casos, você passa até gostar do diferente. Quando isso ocorre, podemos voltar pra sala vip, abrir as janelas, deixando o sol e o vento adentrar o espaço. Ao respirar o ar vindo de fora, a vida se torna mais suave, mais clara. Um vizinho de quarto pode observar a sua atitude e dizer: 'tá virando a casaca...' Não é nada disso, só estamos querendo aceitar e ser aceito pelo meio, com o intuito de viver melhor. Vale lembrar que devemos agradecer por sermos diferentes. Se todos fôssemos iguais, ficaríamos lotados numa pequena sala. Sabe por que?
Porque a sala vip é que nem uma mente fechada, isto é, pequena. Portanto, se recolhermos um pouco de cada coisa existente no mundo externo e trouxermos para a nossa sala, a tendência é fazer com que o espaço aumente. Assim, fica até mais fácil de você convidar alguém para nos visitar. O visitante, ao se aconchegar, enxergará uma vitrine repleta de variedades, como se fosse um ambiente sortido, muito parecido com uma loja requintada, onde a ambiência é confortável.
Por fim, digo: não siga estilos, mas siga você mesmo. Como diz Kanitz: "ao invés de pensar e observar, primeiro observe e depois pense".