terça-feira, 12 de maio de 2009

Sem constrangimento

Lá vou eu nas andanças do Orkut. Sem saber o que fazer, vasculho os amigos de uma colega. De repente, encontro uma foto que me chama atenção. Ao clicar na foto, outro perfil aparece. Outro dia eu dizia: bendito dia; hoje, digo: maldito dia.
Só havia uma maneira de saber se o negócio colaria: enviando um recado e obtendo uma resposta simpática. E foi isso que aconteceu. Em outras palavras, morreu de colar. Já que havia dado certo, a intenção era continuar. Juntamente com uma ortografia relativamente correta e com conversas elaboradas, consegui chamar atenção. O próximo passo foi pegar o hotmail. Depois deste, o número do telefone.
Passamos alguns meses teclando no Orkut, e a esperança de conhecê-la aumentava a cada conversa. Até que certo dia, perguntei onde ela trabalhava, e descobri que estava bem próxima de mim. Em seguida, perguntei onde ela estudava, e descobri que estava bem próxima de mim. Só restava saber se ela morava perto da minha casa. Aí já era querer demais.
Como já nos falávamos há algum tempo, pensei em marcar um encontro para conhecê-la pessoalmente. Quando dei a idéia, ela aceitou. Poxa, que bom. Sendo assim, era só ligar e marcar um dia. Não hesitei e fiz isso o quanto antes.
O tal dia chega; saio do trabalho e sigo em direção a uma loja de roupa. Assim que eu estava chegando, ela me liga perguntando onde estou. Digo que estou chegando; logo, ela me vê e diz que já está vendo. Ao me aproximar, vi uma moça bem arrumada, até certo ponto sensual. Subindo uma avenida, nem conseguia olhar pra ela, mas alguns rapazes que trabalhavam nessa avenida não paravam de olhar. No decorrer do percurso, sugeri que fôssemos juntos pra faculdade daqui pra frente. Quando dei a idéia, ela aceitou. Poxa, que ótimo.
Num primeiro momento, senti uma atração. No entanto, com o passar do tempo, fui a vendo de outra forma. Essa forma me exigia comportamentos diferentes. E, desde lá, tratei de trabalhar esses comportamentos. Posso dizer que exercitei vários valores pessoais.
O plano foi feito; restava esperar o resultado. Talvez esse tenha sido o meu erro. Enfim, foi o que fiz. Achei melhor assim do que chegar na cara de pau. Alguns dizem que a atitude é a melhor alternativa nessas situações. Só sei de uma coisa: fiz o que achei melhor.
As caminhadas seguem, o tempo passa, e nada de atitude. Alguns chegaram dizendo que eu estava demorando. Mas eu sabia que precisava de mais um tempo. E, mesmo assim, nada de atitude. O bem da verdade é que faltava coragem. O jeito era falar aos poucos, evitando qualquer espanto.
Quando dei a idéia, dessa vez ela não aceitou. Mesmo depois de ser negado, não desisti. Aprendi que a determinação é predominante no sucesso. Mas, infelizmente, após muito esforço, não tive sucesso. Pelo menos tentei; pior seria se eu não tivesse tentado. É nessas horas que agradeço ao meu lado forte. Ele sabe que o mundo é cruel, e que este não gosta de pessoas fracas. Apesar de o mundo ser como é, meu lado forte ainda acredita veemente nas virtudes humanas, como, por exemplo, ser imparcial, mesmo nas horas difíceis.
Tenho uma nova idéia, não sei se ela irá aceitar. É o seguinte: assim como eu planejei pra chegar, com medo de causar constrangimento, agora me lanço contra a maré, elaborando um plano para me afastar. Por que um plano para se afastar?
Seria muito simples chegar num dia qualquer e dizer: não dá mais. Seria muito egoísmo sentimental, visto que não serei o único que perderá algo. Ela também perderá. Não sei o grau da perda dela, mas acho que perderá um bom amigo. Portanto, com medo de causar constrangimento, passei a planejar o afastamento.
Hoje, o meu objetivo mudou. E agora é: do jeito que entrei, pretendo sair.